O Mundo de João

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Um livro sobre um encontro.
João chegou à minha vida como um presente. Desde o primeiro olhar, ele carregava um brilho especial, uma sensibilidade que mostrava o quão único ele seria. Hoje, enquanto o vejo crescer, sua presença é um constante lembrete de como o amor se revela nos menores gestos, nos detalhes, na paciência que ele inspira. João tem Síndrome de Down, acompanhada de atraso global no desenvolvimento e uma condição cardíaca que exige cuidados constantes. Essa combinação de desafios de saúde torna sua trajetória única e repleta de aprendizados, não apenas para ele, mas para todos que o cercam.
Desde cedo, João enfrentou uma série de cirurgias e procedimentos médicos, exigidos pelas condições complexas que acompanham seu diagnóstico. Cada procedimento trazia consigo incertezas e preocupações, mas João, com sua força surpreendente, superava cada um como um verdadeiro guerreiro. Sua saúde exige uma atenção contínua, impactando diretamente em sua qualidade de vida e nas suas atividades diárias, mas ele encara cada desafio com uma paixão contagiante e uma disposição inabalável. É como se ele possuísse uma reserva infinita de coragem, e isso nos inspira profundamente.
Para João, viver é explorar cada momento, e ele o faz com um brilho nos olhos e uma intensidade que poucas vezes vi em alguém. Sua resiliência diante dos obstáculos que surgem é uma lição diária, um exemplo que nos ensina o valor de nunca desistir. Ele nos mostra que a vida, mesmo nos seus dias mais difíceis, vale a pena ser vivida com leveza e determinação.
A cada dia, João nos inspira a sermos mais pacientes, mais fortes e, sobretudo, a apreciar as pequenas vitórias. Ele é, sem dúvida, uma força de vida que, com delicadeza e singularidade, transforma todos ao seu redor. Com ele, aprendi que ser guerreiro é não apenas superar as batalhas, mas enfrentá-las com alegria e amor. João é nosso exemplo, nosso herói silencioso que, com um sorriso e uma disposição infinita, nos ensina o verdadeiro significado de viver.



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O Encontro que transformou histórias: João, Lara e eu.
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Quando penso na trajetória de João, o que me vem à mente é a força do trabalho coletivo feito com afeto e dedicação. Desde o início, sabíamos que sua adaptação exigiria mais do que estratégias pedagógicas; ela precisava de sensibilidade, amor e um olhar atento para o que ele sentia e pensava.
Lara, que já acompanhava João antes de mim, foi essencial nesse processo. Ela trouxe não só sua experiência, mas um coração aberto para compartilhar ideias e buscar soluções comigo. Juntas, conseguimos pensar em caminhos que permitissem a João não apenas estar na escola, mas se sentir pertencente a ela. Foi um trabalho intenso, mas cheio de amor. Olhamos para o João com empatia, tentando compreender suas necessidades e criar um espaço onde ele pudesse encontrar refúgio, conforto e aprendizado.
E não fomos só nós. O processo envolveu tantas outras pessoas: as tias do portão, que sempre tinham um sorriso para ele; a equipe diretiva, que ouviu nossas ideias e ofereceu suporte; as cuidadoras de outras crianças, que, mesmo com suas rotinas cheias, encontravam tempo para apoiar de alguma forma. Cada gesto fez diferença.
Sabemos o quanto o estado falha em oferecer o suporte necessário às crianças que precisam de atenção especial. Muitas vezes, a escola se torna o único lugar onde elas encontram cuidado e acolhimento. João teve a sorte de contar com uma família linda e parceira, algo que nem todas as crianças têm. Mas isso só reforça nossa responsabilidade enquanto instituição. Não podemos deixar que elas se percam.
Quando João chegou à minha sala, fiz uma promessa a mim mesma: ele não seria deixado de lado. Nós o acolheríamos como equipe e transformaríamos sua história em uma história de inclusão. Não foi fácil, mas conseguimos. E isso, para mim, é a prova de que a educação feita com amor, sensibilidade e união pode mudar vidas. E mudou a dele — e a nossa também.


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Sobre a autora
Victória é fruto da educação pública e tem orgulho de carregar essa história consigo. Crescida em escolas públicas, foi ali que aprendeu, desde cedo, a valorizar a diversidade e a enxergar riqueza nas histórias de vida de cada colega. Essas experiências moldaram sua visão de mundo e sua prática pedagógica: uma educação afetuosa, inclusiva e profundamente conectada com a realidade de seus alunos.
Ela acredita que as escolas públicas são muito mais do que espaços de aprendizado acadêmico; são ambientes de troca, onde o encontro com diferentes culturas, histórias e perspectivas amplia horizontes e humaniza. Foi nessa vivência que Victória descobriu a força do acolhimento, o poder transformador de ouvir e respeitar as diferenças, e a importância de ensinar com os pés no chão e o coração no futuro.
Para Victória, as crianças da escola pública têm tanto a ensinar quanto a aprender. Elas trazem suas vivências, lutas, sonhos e resiliência para a sala de aula, enriquecendo o ambiente escolar com lições que vão além dos livros. Victória valoriza isso, criando um espaço onde todos são ouvidos, respeitados e incentivados a acreditar no próprio potencial.
Essa crença é o que move projetos como os livros do João, uma celebração da individualidade e das conquistas de cada aluno. João, como muitos outros, encontrou na dedicação de Victória o apoio necessário para superar barreiras e transformar seus sonhos em realidade.
Victória sabe que educar é, acima de tudo, um ato de amor e compromisso com um mundo mais justo. É por isso que ela defende e constrói, todos os dias, uma educação pública de qualidade — aquela que acolhe, ensina e transforma, mostrando que a diversidade é a maior força da escola e da vida.
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